Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 115-1 | ||||
Resumo:A busca por um desenvolvimento sustentável passa pela produção de biomoléculas que causem baixo impacto ambiental. Biossurfactantes e enzimas são bioprodutos produzidos por microrganismos e que tem variadas aplicações na indústria e podem ser produzidos por diversos microrganismos. A lacase, uma enzima ligninolítica de fungos basidiomicetos, tem despertado interesse por degradar uma ampla variedade de compostos poluentes e tóxicos, enquanto os biossurfactantes são moléculas com propriedades surfactantes e podem ser aplicados na dispersão, solubilização, mobilização, umectação, redução da tensão superficial, formação de micelas e formação de espuma, e assim como como as lacases, são úteis na biodegradação e biorremediação. A produção de biossurfactantes por bactérias é bem conhecida, mas são raros os relatos de produção por basidiomicetos. A produção de lacase por fungos basidiomicetos é bem conhecida, sendo que raros registros relacionam a produção de lacases e de biossurfactantes. Em geral, o uso dessas moléculas é limitado pelo alto custo de produção/purificação, mas o uso de matérias-primas mais baratas, como resíduos agroindustriais, podem reduzir os custos de produção. O Brasil está entre os maiores produtores mundiais de coco verde, mas cerca de 80% da biomassa da fruta é descartada como resíduo sólido, o que causa um problema ambiental, visto que é de difícil degradação. Assim, o uso de bagaço de coco verde em fermentação semissólida (FSS) é uma maneira de dar um destino mais nobre para esse resíduo. Este estudo teve como objetivo avaliar a produção de lacase e de biossurfactante pelo basidiomiceto Pleorotus ostreatus em fermentação semissólida (FSS) constituída de fibra de coco verde, suplementada com farinha de soja. Cinco discos de crescimento foram utilizados para inocular o sistema FSS constituída de 30 g de bagaço de coco verde (mesocarpo), suplementado com 1% de farinha de soja (m:m), com umidade ajustada para 70% (bu). A cinética de produção de lacase e biossurfactante foi avaliada por 21 dias a 28°C. O extrato bruto foi obtido pela adição de tampão acetato pH 5,0 à FSS, seguido de agitação manual (5 min) e em mesa orbital por 1h e filtração. O filtrado foi utilizado para determinar a atividade de lacase, usando ABTS a 420 nm, e a presença de biossurfactantes pelo índice de emulsificação (IE%). A estabilidade da emulsão (EE%) foi avaliada após 24h, considerando-se estável a emulsão que manteve 50% do volume inicial. A atividade de lacase de P. ostreatus foi verificada a partir do sexto dia de cultivo, sendo que o pico de produção da enzima foi de 27,07 U.L-1 no nono dia de fermentação. Os biossurfactantes foram produzidos durante todo o período avaliado, com valor máximo de IE de 43,5% no 15° dia, entretanto, as amostras mais estáveis foram as produzidas entre o 3° e o 6° de cultivo, com valor de IE de 42% e 33,5% e EE de 48% e 56,06%, respectivamente, após quarenta (40) dias de avaliação. Logo, A fibra de coco verde é um substrato promissor para a coprodução de lacase e biossurfactantes estáveis por basidiomicetos, possibilitando a diminuição do custo de produção. Palavras-chave: BIOSSURFACTANTE, LACASE, P. ostreatus Agência de fomento:Universidade Federal de Campina Grande |